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quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Hipocrisia natalina


Presentes para a pobreza, mas e nos 364 dias depois? 

Nas minhas muitas décadas de vida vejo repetir-se todos os anos o festival de hipocrisia traduzido em bondades para os pobres, notadamente crianças 

No Natal nem só as emoções sinceras fatalmente nos contagiam. Há também, ainda que em muitos casos de forma subliminar, a intenção de purgar a cruel indiferença com que ignoramos o brutal sofrimento de uma imensa faixa da
população brasileira que, conforme recentes dados do IBGE, vive na miséria. São pelo menos 50 milhões de pessoas que recebem no máximo MEIO salário.
Ao passar pelas praças da Piedade e Campo da Pólvora, em Salvador, testemunhei mais uma vez a horda de miseráveis pedindo esmola ou aguardando, em filas, no feriado do Natal, restos da ceia da noite anterior.
Tudo isso me faz mal. Entendo que a preocupação com a ABSURDA diferença social neste país onde reinam os mais gulosos e escrotos corruptos do mundo; onde uma parte enorme da população vive sem saber o que vai comer no dia seguinte; onde dezenas de milhões não têm a menor assistência e mesmo assim é obrigada a submeter-se à tortura até mesmo em filas para regularizar o seu "direito" ao voto para eleger corruptos que lhes viram as costas assim que assumem, entende,  dizia, que preocupar-se com a situação dessa gente vai muito além do que distribuir bolas de plástico e outras bugigangas a crianças miseráveis no dia de Natal. Ou dar restos de comida àqueles que vivem a fome cruel o ano inteiro. Para estes, desejar um feliz natal ou próspero ano novo soa como sublime sadismo. 

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