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quarta-feira, 28 de março de 2018

A violência da campanha

Os quatro tiros que mataram Mirelle podem ter sido o primeiro recado


Duas noticias recentes:
1. "O ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que membros da sua família estão sendo ameaçados."
2. "Ônibus da caravana do ex-presidente uiz Inácio Lula da Silvax foram atingidos por tiros, no Paraná. Ninguém se feriu e a polícia vai investigar o caso.
Segundo a assessoria do Partido dos Trabalhadores (PT), três tiros atingiram dois ônibus da caravana."
Em primeiro lugar, quero lembrar algo que li na flor da minha juventude, em livro cujo título e autor se perderam na memória: "O poder está com os que estão do lado da coronha."
Dito isto, vejamos. Paixões e preconceitos à parte, convém aos mais sensatos pensar que o assassinato de uma parlamentar democraticamente eleita em pleno centro da segunda maior cidade do país e ora patrulhada pelo Exército foi, direta ou indiretamente, um claro recado de que nem só o crime organizado do tráfico pode estar gestando um inferno de insegurança pública ainda maior do que o que já vivemos.
Tenório Cavalcanti, advogado e politico: metralhadora e
sanfona na campanha, no Rio.
Que não é novidade a bala por trás da urna, disto sabemos. Que tal lembrar, por exemplo, o advogado e politico Tenório Cavalcanti, também conhecido como "O Homem da Capa Preta"?  Com base eleitoral no Estado do Rio de Janeiro, ele fazia comícios sem esconder de ninguém a metralhadora portátil que carregava sempre sob a sinistra capa preta. Isso lá pelas décadas de 1950 e 1960.
Voltemos, porém, para os que desavisados costumam chamar de país do século XXI. Otimistas poderiam achar que já teríamos superado - como de fato ocorreu nas nações efetivamente civilizadas - a fase do tiro e ameaças de morte na campanha. Bobagem. Aliás, na última campanha municipal  (notadamente, como sempre, no estado do Rio), não foram poucos os candidatos a vereador ameaçados e mesmo assassinados.
Mas agora a sombra brutal da violência que já nos aterroriza no dia-a-dia nesta terra de ninguém em que se transformou  o Brasil, ensaia ganhar as campanhas eleitorais eivadas de ódio.
Bem, há uma data marcada para os termômetros políticos e policial  (cada vez mais eles se confundem) nos darem a exata medida do que nos aguarda até outubro: 4 de abril.
Se naquela data o STF votar a favor do habeas-corpus de Lula, a oposição ao petismo vai radicalizar. E se rejeitaram o HC  e Lula for preso, também paz não haverá. O século é XXI, mas Tenorio Cavalcanti vive.

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